Leoa,
o meu rugido não faz sentido:
Sou o
que sou e grito à toa
Contigo
atravesso os campos de trigo
O que
eu mais quero é uma vida boa
Leoa,
eu já sei que eu sou um rei
Portanto,
eu te tomei por rainha
Se
esconda embaixo da minha juba
Onde
quer que minha sombra te cubra
Leoa,
tu és, porém, não estás presa
Entre
as minhas garras, não amo jaulas
Eu te
persigo à noite, no escuro
Procuro
promessa de um grande futuro
Tu me
encontrastes quando eu descia a montanha
Incendiário,
trouxe comigo minhas chamas
Leoa,
ainda trago na minha língua
O
amargor das minhas cinzas
Leoa,
é na relva onde mostro que a selva
É o
meu domínio
Portanto,
leoa, me chamo leão
Porque
eu faço “sim!” mesmo se digo “não!”
Eu
passo a minha humanidade a diante
Posto
que a minha fonte é incessante
Apesar
de minha espécie estar em extinção
Sou
mais raro ainda a cada estação
Leoa,
não tenho outra coisa que não
Muita
coragem pra um só coração
Leoa,
eu sou puro instinto:
Transformo
a água benta no melhor vinho tinto
Leoa,
há recantos do meu caminho
Que
perfaço em prantos quando estou sozinho
E se
o faço, leoa, lambendo minha ferida
É
porque sei celebrar a alegria da vida

Nenhum comentário:
Postar um comentário