segunda-feira, 21 de maio de 2018

09. Leoa, Leoa




Leoa, o meu rugido não faz sentido:
Sou o que sou e grito à toa
Contigo atravesso os campos de trigo
O que eu mais quero é uma vida boa
Leoa, eu já sei que eu sou um rei
Portanto, eu te tomei por rainha
Se esconda embaixo da minha juba
Onde quer que minha sombra te cubra

Leoa, tu és, porém, não estás presa
Entre as minhas garras, não amo jaulas
Eu te persigo à noite, no escuro
Procuro promessa de um grande futuro
Tu me encontrastes quando eu descia a montanha
Incendiário, trouxe comigo minhas chamas
Leoa, ainda trago na minha língua
O amargor das minhas cinzas

Leoa, é na relva onde mostro que a selva
É o meu domínio
Portanto, leoa, me chamo leão
Porque eu faço “sim!” mesmo se digo “não!”
Eu passo a minha humanidade a diante
Posto que a minha fonte é incessante
Apesar de minha espécie estar em extinção
Sou mais raro ainda a cada estação

Leoa, não tenho outra coisa que não
Muita coragem pra um só coração
Leoa, eu sou puro instinto:
Transformo a água benta no melhor vinho tinto
Leoa, há recantos do meu caminho
Que perfaço em prantos quando estou sozinho
E se o faço, leoa, lambendo minha ferida
É porque sei celebrar a alegria da vida

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